“Imagine um mundo onde, de repente, todos perdem a visão. Não é uma cegueira comum, mas uma “cegueira branca” que reduz a existência humana à sua forma mais primitiva. “
José Saramago nos leva a uma jornada perturbadora através de uma sociedade que desmorona quando a humanidade é posta à prova.
Ele desmonta a ideia de que a sociedade é estável e organizada. Quando a cegueira atinge todos, as estruturas sociais desmoronam rapidamente. A falta de visão física revela uma cegueira moral ainda mais profunda, expondo a crueldade, o egoísmo e a luta pela sobrevivência a qualquer custo.
No manicômio, os personagens são reduzidos a suas necessidades mais básicas. A falta de empatia e a violência predominam, mas há também lampejos de solidariedade, especialmente na figura da mulher do médico, a única que não fica cega. Ela representa a resistência e a compaixão em meio ao caos.
A cegueira não é só física, mas moral e social. O livro questiona até onde vamos quando perdemos nossa humanidade. Representa a incapacidade de “ver” o outro, de reconhecer a humanidade compartilhada.
Saramago critica a indiferença e a alienação da sociedade moderna, sugerindo que todos estamos, de alguma forma, cegos.
A ausência de nomes dos personagens reforça a ideia de que qualquer um de nós poderia estar naquela situação. É universal e aterrorizante.
⚠️ O que pode incomodar:
• A densidade: A escrita pode ser desafiadora para alguns. Se você não está acostumado com o estilo de Saramago, pode levar um tempo para se adaptar.
• O pessimismo: Não espere uma história leve. É um livro cru, que expõe as piores facetas da natureza humana. A obra é sombria e, por vezes, desesperançosa, o que pode ser pesado para alguns leitores.
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💬 Minha opinião: “Ensaio sobre a Cegueira” é um soco no estômago. É daqueles livros que você termina e fica dias pensando: “E se fosse comigo?”. Saramago nos força a enxergar o que preferimos ignorar. E, no fim, a maior cegueira talvez seja a de quem não quer ver.
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