Sarah Maas, ao
longo de suas séries (Trono de Vidro e Corte de Espinhos e Rosas) desenvolveu
uma arte de criar personagens femininas ferozes e autodestrutivas. Mas nenhuma
delas se compara a Nestha, que passa a ser a personagem principal deste livro.
“Corte de Chamas Prateadas” começa após a guerra
contra o Rei de Hybern. Já irritadiça e determinada a manter todos à distância,
Nestha agora está se afogando em seu trauma, entorpecendo a dor com bebida e
sexo.
Em uma tentativa de levá-la à recuperação, suas
irmãs ordenam que ela vá para a Casa do Vento, ajudar as sacerdotisas que
cuidam da Biblioteca da Corte Noturna e que treine com Cassian, ou ela volta
para as terras humanas.
Quando não está gastando seu tempo aprendendo a se
defender, ela trabalha em uma biblioteca sagrada, ajudando uma ordem de
mulheres a arquivar livros. Mas quando a Corte Noturna se depara com uma nova
ameaça das traiçoeiras rainhas humanas, especialmente aquela que quer destruir
Nestha, ela enfrenta seu maior teste: aprender a amar a si mesma.
Maas é especialista em explorar as profundezas das
amizades femininas, explorando-as como base para o amor, a resiliência e o
cuidado. Suas histórias entendem que as amizades podem ser tão significativas
quanto as conexões românticas, que a verdadeira cura e recuperação do trauma
podem ser forjadas no fogo desses laços de amizade. Os relacionamentos que ela
constrói entre Nestha e as mulheres com quem ela faz amizade ao longo de seu
treinamento ( Gwyn e Emerie) brilham tão intensamente quanto suas cenas românticas
quentes. A amizade delas é uma força renovadora, ajudando-as a encontrarem o
caminho para sair dos casulos em que se envolveram depois de sofrerem enormes
violências físicas e mentais.
Além da amizade o livro trata sobre a tristeza e a
perda e tudo que Nestha fez, quem ela é – dura, inflexível, rápida em se
irritar e ansiosa em guardar rancor – está enraizado na perda.
Finalmente entrando em sua cabeça, os leitores
conseguem ver como sua auto-aversão e sua raiva justificada resultam de uma
perda insuportável após a outra: sua mãe, seu pai e a humanidade dela e de sua
irmã. A dor e a tristeza com as quais ela não sabe lidar se manifestam em sua
fúria e em sua língua mordaz. E esta mesma dor atormenta Cassian e as mulheres
que se tornam suas aliadas mais próximas.
O maior poder de Nestha não é a magia temível que
ela deve aprender a dominar e que tem o potencial de alterar fundamentalmente o
universo deles - é sua capacidade de amar. Quando ela aprende a deixar alguém
entrar, a amar a si mesma, é então que ela consegue se tornar a versão mais
completa de si mesma.
Mas Nestha reconhece que enfrentar esse desafio
mental, lutando contra a dor, a depressão e os demônios de sua espécie é o
trabalho mais difícil de todos, mais doloroso do que os testes físicos que
Cassian oferece. Somente perdoando a si mesma Nestha pode realmente assumir seu
poder e ter os relacionamentos mais significativos em sua vida com suas irmãs,
seus amigos e Cassian.
Este livro ganha seu rótulo adulto com um romance
erótico cintilante que investiga a vulnerabilidade e a dor. É um épico
cruelmente vibrante, determinado a nos lembrar por que o perdão é o ato mais
corajoso de todos.
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