Pular para o conteúdo principal

Corte de Asas e Reína - Sarah J. Maas

Uma das marcas de um bom livro é que ele te deixa triste no final. Triste porque, ao terminar o livro, você deve deixar para trás o mundo contido nele. “Corte de Asas e Ruína” teve esse efeito em mim. Enquanto lia, consegui escapar da realidade e viajar para Prythian, onde percorri a jornada de Feyre e seus amigos enquanto eles trabalhavam para salvar a terra mágica que eu tanto amava.

Da mesma forma que os dois livros anteriores, este tem um enredo rápido e cheio de ação, repleto de intrigas, reviravoltas e romance. Algo está sempre acontecendo ou se preparando para acontecer e, justamente quando você pensa que já descobriu como tudo vai se desenrolar, algum imprevisto ocorre e refuta todas as suas previsões. Além do mais, os capítulos muitas vezes terminam em um suspense, o que além de fazer você ir para a cama talvez mais tarde do que pretendia, contribui para o ritmo acelerado do livro.

Além de seu enredo bem construído, ele é divertido por sua ênfase na expansão mundial. Enquanto os dois primeiros foram limitados às Cortes Primaveril, Estival e Noturna, este  abrange todas as Cortes e seus Grão-Senhores (Primaveril - Tamlin, Estival - Tarquin, Outonal – Bero, Invernal - Kallias, Diurna - Helion, Crepuscular - Thesan e Noturna – Rysand e Feyre), as tensões entre as Cortes e as personalidades de seus governantes e auxiliares e, além disso, conhecemos um pouco mais das irmãs de Feyre: Nestha e Elain (eu ainda não gosto da Elain)

Não podemos esquecer os múltiplos romances: além do nosso casal favorito, Feyre e Rhysand, há um romance entre Nestha e Cassian. Há também a sugestão de um potencial triângulo amoroso entre Elain, Lucien e Azriel (não posso admitir Elain e Azriel, simplesmente não pode acontecer). 

A narrativa do livro é em primeira pessoa, ou seja, a história é contada da perspectiva de Feyre, o que tem o efeito de fazer você se sentir como se fosse você quem vivencia os eventos. Esta narrativa em primeira pessoa também cria uma sensação de desconhecido: o nosso conhecimento do que está por vir é limitado ao que Feyre sabe. Além disso, neste livro toda a extensão da conexão entre os livros se torna aparente, à medida que você aprende que certos eventos foram prenunciados nos livros anteriores. Este último ponto ilustra a mestria de Maas: sem que percebêssemos, ela deixou um rasto de migalhas que nos guiava até o desfecho de certos acontecimentos.

O que não foi bom neste livro? Tinha que acabar.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A velhinha da Caxangá

A princípio, ela não chama atenção: uma velhinha quieta num ponto de ônibus. É muito magra, ligeiramente encurvada, pele alva, rosto vincado por inúmeras rugas, cabelos brancos arrumados num coque. Sempre com os ombros coberto por um xale sem estampas, veste-se como se estivesse de luto e carrega uma sombrinha escura. Quem diria que essa figura aparentemente frágil poderia deixar em pânico motoristas e pedestres nas noite caladas da Avenida Caxangá? Antes de prosseguir com o relato medonho, cabe falar um pouco da história daquele lugar. O nome vem do Padre Francisco Pereira Lopes Caxangá que, no século XVIII, comprou terras naquela área distante do Centro do Recife e deu início a uma povoação. Em 1843, foi aberto o primeiro trecho da Avenida Caxangá – via que só recebeu calçamento na metade do século XX. Em 1966, foi alargada para se tornar uma das avenidas mais movimentadas da capital pernambucana. Com o passar dos anos, ganhou um trânsito intenso porque se tornou caminho para vár

“Corte de Gelo e Estrelas” - Sarah J. Maas

"Corte de Gelo e Estrelas" é um spin-off que traz um epílogo estendido de “Corte de Espinhos e Rosas” que mostra como Feyre e seu círculo íntimo estão se saindo após o fim da guerra. Com ação mínima, também serve como uma pausa antes da sequência inevitavelmente acelerada e cheia de ação de “Corte de Chamas Prateadas”. Embora este livro não seja tão envolvente quanto os três livros anteriores, gostei dele pelo vislumbre da vida cotidiana dos personagens que ele proporcionou. Este livro também estabelece as bases para o próximo livro, sugerindo uma série de histórias que podem ser tratadas tanto no próximo como em outros que por ventura sejam escritos. A mais intrigante dessas tramas potenciais está relacionada a Cassian e Nestha. Os eventos do último livro deixam claro que os dois ainda têm sentimentos um pelo outro, o que vamos comprovar com o livro “Corte de Chamas Prateadas”. Outra possível trama é um triângulo amoroso de Lucien, Azriel e Elain (NÃO!!!!! NÃO !!!!!!!). Pa

Todas as suas imperfeições - Colleen Hoover

  “Todas as suas Imperfeições” conta a história de como Quinn e Graham se conheceram, se apaixonaram, misturando o antes e o depois de seu casamento. A história é sensível, comovente e emocionante, apesar do tema central da história, que é a infertilidade da personagem principal e toda a angústia que o casal enfrenta por não conseguir ter o filho e o distanciamento deles por não conseguirem lidar com a frustação. Depois de anos de tentativas e muito dinheiro gasto, a relação dos dois está por um fio. Quinn não consegue falar sobre seus sentimentos. Culpa e desespero tomam conta dos seus dias, pois ser mãe sempre foi seu maior sonho, e antes mesmo de casarem, eles já planejavam isso. Agora ela se culpa por nunca conseguir dar isso a Graham. Ela se fecha para o marido e para o mundo, e não consegue se lembrar por quê um dia foram apaixonados. Foi angustiante perceber que, apesar deles se amarem muito, esse amor não estava sendo o suficiente para fazer com que continuassem seguindo em fre