“Carmilla”, de J. Sheridan Le Fanu, foi originalmente publicada em formato de folhetim, entre 1871 a 1872. A novela apresenta as primeiras aparições de uma vampira na literatura gótica inglesa e serviu de inspiração para Dracula, de Bram Stoker, que foi publicado cerca de vinte e cinco anos depois, em 1897.
Acredita-se que o poema “Christabel”, de Samuel Taylor Coleridge, tenha influenciado o autor irlandês, sobretudo pela temática amorosa entre duas personagens femininas, além de outros contos sobrenaturais dos séculos XVIII e XIX.
Aclamado como um dos primeiros romances de vampiros, a história tem como pano de fundo um castelo no meio de uma floresta austríaca, onde Laura e seu pai vivem uma vida quase solitária. Até que um dia uma carruagem sofre um acidente em frente ao Castelo e dentro dela estão a bela Carmilla e sua mãe.
Carmilla está muito doente para viajar após o acidente - por acaso ou desígnio - e agora ela é uma convidada de Laura e seu pai. Não demorou muito após a estada de Camilla para que Laura ficasse embriagada com a bela visitante.
Mesmo com os hábitos excêntricos de Carmilla, humores variados e desaparecimentos suspeitos começam a desvendar um mistério que ninguém na casa estava preparado para enfrentar.
Muito se fala sobre o elemento lésbico dessa história. Na verdadeira natureza vitoriana, isso não é nada explícito ou gráfico. Há mais ambiguidade do que certeza sobre o romance lésbico entre as personagens. O conto é mais sobre a perda da inocência, a amizade e o poder que ela exerce sobre aqueles que caem sob seu feitiço, para o bem ou para o mal, o descobrimento do desejo, a descoberta do amor e a ameaça à morte. No transcorrer da história, percebemos que o interesse de Carmilla não é erótico, mas a necessidade de alimentação, é muito mais um desejo vampírico do que um desejo erótico
Carmilla é um livro com uma personagem feminina que desafiava muitas convenções sociais e crenças da época em que foi escrito, ou seja, 1871. Ao colocar uma mulher no papel de vilã, a ideia da mulher como um ser inocente que precisa ser salva, presente em basicamente todo livro gótico, foi colocada em questão. Quer dizer, o livro ainda tem uma mocinha que precisa ser salva, mas o perigo ao qual ela é submetida não vem da parte de um homem que existe em oposição aos salvadores dela. Além disso, quase sempre que mulheres apareciam como vilãs na literatura, elas acabavam matando um homem, ou sendo a perdição da vida de um "homem bom". Carmilla, não.
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