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Muitas Águas - Madeleine L'engle

 A história do quarto livro da série “Uma dobra no tempo”, acontece um tempo antes dos eventos do livro 03 (confesso que não gostei da ordem dos livros 3 e 4), e vamos conhecer mais os gêmeos Murry, Sandy e Dennys. Até agora, eles não foram personagens realmente importantes e seus ceticismos sempre foram um contraste para as maravilhosas aventuras cósmicas de seus irmãos, Meg e Charles Wallace.

Mas agora eles estão no meio das coisas e tudo porque ignoraram uma placa na porta do laboratório de sua mãe: “Experiência em andamento. Por favor, fique fora”. Mesmo que seus pais tivessem contado a eles sobre seus experimentos com viagens no tempo, eles não teriam acreditado. E então eles ficam bastante surpresos ao se encontrarem no tempo de Noé. A história da Bíblia que eles sempre pensaram estar no mesmo nível de Papai Noel e a fada do dente, de repente, assume uma grande urgência e eles precisam desempenhar um papel na batalha cósmica entre o bem e o mal, que ameaça descarrilar a história como a conhecemos. E eles se perguntam se realmente querem que isso aconteça, afinal.

É interessante ver como L'Engle imagina os detalhes da história do dilúvio de Noé da perspectiva dos jovens do século 20, brilhantes demais para o seu próprio bem. Ela coloca seu próprio toque característico na história bíblica, incluindo uma filha fictícia de Noé chamada Ialí, bem como as personalidades distintas da esposa de Noé e três noras que, na Bíblia, não são nomeadas, mas em “Muitas Águas” são chamados de Matrede, Oolibamá, Eliseba, Aná.

Os gêmeos oferecem à narrativa um ponto de vista inusitado, já que demoram a abrir mão do ceticismo sobre o que está acontecendo ao seu redor. O livro traz a puberdade dos gêmeos e todas as suas dúvidas e os questionamentos e fases internas de desenvolvimento são bens exploradas. A autora mostra os conflitos internos do despertar do amor com leves insinuações do desejo sexual. É um ponto interessante de se acompanhar, ainda mais quando percebemos quando o livro foi escrito (1962).

A história é divertida e instigante. Os amantes da magia dos livros de histórias apreciarão vislumbres únicos de mantícoras, mamutes, unicórnios, serafins e nefilins.

Boa leitura!



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