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De Profundi - Oscar Wilde

Durante sua prisão, Wilde escreveu uma carta para Lord Alfred Douglas, seu amante e filho do homem que o levou para julgamento.


A carta que viria a ser publicada na íntegra e sem censura, sob o nome “De Profundis”, é autobiográfica, detalhando as reflexões de Wilde sobre sua vida e o que o levou a ser encarcerado, bem como o desenvolvimento espiritual que ele passou durante seu tempo na prisão.


A primeira metade da carta é dedicada às reflexões de Wilde sobre seu tempo passado com Douglas, onde ele revela seu relacionamento tumultuado e como ele trocou uma vida de intelecto tranquilo por sua busca por “paixões incompletas, de apetite sem distinção, desejo sem limite, e ganância sem forma.” Na carta Wilde afirma que tem muitos arrependimentos, responsabilizando Douglas por sua decadência, já que dedicou sua vida a desejos carnais que levariam à sua prisão, mas durante a carta ele tenta perdoar Douglas (tanto que, depois de sair da prisão, acaba se envolvendo com Alfred novamente).


A segunda metade da carta tem um foco mais introspectivo, que incorpora um despertar religioso de Wilde, bem como uma percepção do que a vida poderia ser. A carta mostra o que a prisão pode fazer a um ser humano. Há também muita crítica sobre o sistema carcerário da Inglaterra na época Vitoriana.


A carta de Wilde é bela e eficaz para alcançar um objetivo, que provavelmente foi apenas tacitamente visado pelo próprio autor: detalhar como é sofrer na prisão por violar uma lei injusta. Ela é única, e talvez ele tenha sido o único homem sentenciado sob o ato de 'indecência grosseira' que poderia escrever uma mensagem tão poderosa, mas a mensagem é universal para todos que foram presos e condenados pelo mesmo motivo. A Lei somente foi revogada em 1956.

Ela está cheia de reflexões e esperança. Ele não pede piedade, nem afirma ser inocente de toda culpa, mas também não assume todo o fardo do que foi considerado culpado.

Infelizmente, Wilde morreu com apenas 46 anos e levaria muitos anos para receber o perdão da crítica e dos leitores. Um dos clássicos mais brilhantemente escritos, “O Retrato de Dorian Gray”, seria lido e apreciado por milhões e seu legado, duradouro.






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