“A Filosofia da Composição” é um ensaio escrito por Edgar Allan Poe que procura demonstrar uma teoria sobre como bons escritores escrevem. Na obra ele faz uma forte crítica àqueles que acreditam que toda obra é algo visceral, que não necessita de refinamento. Ele conclui que o comprimento, a "unidade de efeito" e um método lógico são considerações importantes para a boa escrita. Poe utiliza a sua própria composição do poema "O Corvo" como um exemplo.
Poe acreditava que todas as obras devem ser curtas, com exceção dos romances. Ele enfatizou especialmente essa "regra" no que diz respeito à poesia, e com base nisso considera que o conto seria uma forma superior ao romance.
O autor segue seu texto destrinchando os passos da composição do “O Corvo” demonstrando que existem 11 passos no processo de composição da obra:Extensão (tamanho da obra – A obra tem 108 versos);
Província (escolha do efeito a ser obtido pelo poema. No caso do Corvo foi a beleza);
Tom (descrição de um sentimento, na obra vemos a tristeza);
Efeito Artístico (para ele, o melhor da obra é o refrão, os estribilhos);
Natureza do Refrão (para o Corvo escolheu a repetição de uma só palavra no final de cada estrofe – “Nevermore” – “nunca mais”);
Pretexto para o uso do refrão (precisou encontrar uma justificativa para a repetição da palavra “nevermore”. Ele a encontra na figura de um ser impregnado de uma representação maléfica, o pássaro, Corvo. Além disso, se o pássaro fosse ensinado, adestrado, ele poderia repetir palavras como o refrão escolhido “nevermore”;
Tema (A morte foi o tema escolhido, para ele nada é mais atraente para a curiosidade humana em um texto do que ler sobre a morte da amada, retratada pelo próprio amante, que agoniza melancolicamente um possível reencontro entre os dois). O ponto de partida (Poe compõe o enredo a partir de uma estrofe que seria o seu clímax);
Versificação, métrica e ritmo (o autor demonstra preocupação com o originalidade do conjunto de sua obra ao se preocupar com os recursos estilísticos a serem usados no poema. Afirma ainda que todos os tipos de versos escolhidos já foram por ele usados em outras obras, porém era a primeira vez que usava em uma única obra);
Local (é a escolha central – já que o mesmo deveria ser um local onde os amantes se encontravam, e nada melhor que um quarto);
E por fim, o Enredo (a necessidade de um enredo fantástico).
O ensaio apareceu pela primeira vez em abril 1846, na Graham's Magazine. O dono da publicação, Rex George Graham, um amigo e ex-empregador de Poe, havia recusado a oferta de ser o primeiro a imprimir "O Corvo". Graham disse que ele não havia gostado do poema, mas ofereceu 15 dólares como uma caridade a Poe. Graham se retratou de sua péssima decisão, com a publicação de "A Filosofia da Composição".
Esta obra é recomendada a todos que são fãs do autor e principalmente para aqueles que apreciam a literatura e a escrita.
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