Quase todo mundo leu “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry. Várias citações são retiradas daquela obra e reproduzidas em cartões, postagens em mídias sociais ou repetidas em conversas.
São verdadeiros “chavões” repetidos à exaustão na cultura ocidental.
Alguém que leu aquela obra lembra quem foi o narrador que encontrou o principezinho no meio do deserto?
E o quê este narrador estava fazendo no meio do deserto?
Quem respondeu “um piloto, desesperado para consertar sua aeronave antes de morrer de inanição” acertou em cheio.
Há uma explicação muito simples para a escolha do personagem: a essência da vida de Saint-Exupéry, talvez mais que escrever, foi voar, em diversos continentes, nas mais diversas situações, colecionando aventuras e acidentes, até seu desaparecimento durante uma missão na 2@ Grande Guerra.
Um desses acidentes foi justamente no deserto, quando foi salvo, junto a seu mecânico de voo, três dias após a queda, à beira da morte, por uma caravana de beduínos.
A obra que aqui apresentamos, “Piloto de Guerra”, narra uma passagem verdadeira na vida do autor, no início do conflito mundial, quando realizava voos de reconhecimento durante a invasão nazista à França. A missão específica foi um voo sobre a cidade de Arras, próxima à fronteira belga e já ocupada pelas tropas invasoras.
Enquanto narra a rotina de seu grupo de aviação e os desafios da missão, Saint-Exupéry reflete sobre sua nação e seu povo e a situação desesperadora em que se encontravam, divagando sobre a própria condição humana e sobre a guerra.
A obra foi publicada durante o exílio do autor nos Estados Unidos e por ele usada como instrumento de propaganda em sua campanha de convencimento pelo engajamento norte-americano no conflito.
Não estamos diante apenas de um bom romance com fundo autobiográfico, mas de um valioso registro histórico, que vê a derrota francesa sob os olhos de um cidadão orgulhoso de seu país e que auxilia a afastar um pouco a visão difundida por parte da História, de uma França que acovardou-se e entregou seu território “de bandeja” ao inimigo, sem luta ou resistência.
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